E assim minha visão foi se abrindo. Na verdade, eu era limitado como todo garoto da minha geração. Buscava-se conhecimento sobre coisas simples apenas na sala de aula. Fomos adquirir uma TV somente em 1972; informação mesmo, só quando íamos à casa do vovô.
Meu avô, viúvo, mecânico naval aposentado, trabalhou parte de sua vida embarcado. Morava com Maria Antônia, prima da falecida vovó, hábil costureira que se acomodou na casa desde jovem, quando veio para a cidade trabalhar na fábrica de Fiação & Tecidos, e por ali ficou até seus 99 anos. Solteira convicta, Bibi, como era chamada pelas crianças, dormia em um quarto contíguo ao do vovô, unidos por uma porta que permanecia sempre aberta.
O velho havia adquirido uma habilidade espetacular com torno e forja, graças ao tempo que esteve embarcado. Contava que, muitas vezes, teve que fabricar peças para consertar o velho vapor balizador Benjamin Constant, enfrentando fortes ventos sudoeste no meio da Lagoa dos Patos, tendo que escapar da depressão da Feitoria para não encalhar.
continua...

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