No final do ano, a casa ficava cheia. Meus tios chegavam para o Natal e o Ano-Novo com malas, filhas e todo tipo de novidades. Meu avô recebia todos na casa com muito orgulho e sem parcimônia.
Pai de quatro filhos, o vô Gustavo fazia questão de reunir toda a família, pequena para aqueles tempos. Meu pai, o primogênito, servidor público do Estado, tinha três filhos: eu e minhas doces e queridas irmãs. Leda, minha tia professora, não tivera filhos. Vilmar, o "Gordo", meu tio bonachão, exator da mesa de rendas, tinha duas filhas. E o mais novo dos quatro, Gustavinho, terceiro-sargento do Exército, tinha apenas uma filha.
Eu era o único neto homem de meu avô, aquele que teria de dar continuidade ao sobrenome da família. Era um peso enorme sobre minhas costas, e todos cobravam, menos ele... meu tio.
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| Amigo da Onça |
Entre uma baforada e outra, discutia-se de tudo. Gustavinho matava no peito um Continental sem filtro. Meu tio economista, mais sofisticado, curtia um Carlton ou um Charm. Eram os únicos fumantes da família.
O aroma do fumo me hipnotizava, e era fácil tornar-se personagem nas histórias contadas...

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